Cerca de 10 milhões de metros cúbicos de rejeito do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, ficaram retidos na Barragem de Candonga. População queixa que, com chuvas, material chegou ao Rio Doce. MP cobra explicações da Fundação Renova
Rio Doce – O alento que a retenção de 10 milhões de metros cúbicos (m3) de rejeitos de minério de ferro que a Barragem de Candonga trouxe para o Rio Doce foi comemorado desde 2015, mesmo ano em que a Barragem do Fundão, da mineradora Samarco, se rompeu em Mariana. Contudo, as falhas que impediram que o reservatório tivesse esse rejeito dragado até 2018 podem estar agora impactando por causa das chuvas intensas áreas que nunca tiveram contato direto com o material, como Governador Valadares.
Por causa dos rejeitos, o Ministério Público de Minas Gerais determinou que a Fundação Renova, responsável pela recuperação do Rio Doce, forneça informações, com urgência, sobre a situação e também sobre o plano emergencial para período chuvoso.
A cidade do Leste do estado, de 245 mil habitantes, teve seu fornecimento de água suspenso quando o rejeito ingressou no Rio Doce, há 4 anos. Agora, que as chuvas revolveram o rio e o fizeram invadir vários bairros, deixando 15 mil desalojados, os rejeitos estão sendo depositados nos terrenos e casas dos atingidos. As suspeitas de vários órgãos é que se trate de material que veio de Candonga e que já devia ter sido dragado em 2018 pela Fundação Renova.
O presidente da Associação dos Pescadores de Conselheiro Pena e Região, Lelis Barreiros, a quantidade de rejeitos que tem descido do barramento que é operado pela Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, seria muito maior do que antes. “Está descendo muito rejeito pelo rio e isso está impactando todo mundo de novo. O rio já morreu uma vez e está morrendo de novo”, considera.
De acordo com o presidente da associação, as barreiras metálicas instaladas pela Fundação Renova para reter o avanço do rejeito não estão sendo capazes de segurar o material dentro do reservatório.
“Esse sistema de três barragens tinha de deixar a água passar por cima e o rejeito ficar. Mas a chuva está tão forte que está saindo tudo arrebentando e voltando para o Rio Doce. Sempre voltou, aos poucos, mas agora está descendo muito e de uma vez”, disse Barreiros.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Governador Valadares, Elias Souto, conta que sua casa na Ilha dos Araújos foi atingida e que ficou encoberta por uma camada de 10 centímetros de material escuro semelhante a rejeitos de minério de ferro.
“Nas últimas quatro enchentes, o rio tinha um outro tipo de lama. Agora, veio essa escura, com a aparência mesmo de rejeitos como os de Mariana e de Brumadinho. Estamos sendo atingidos novamente e de uma forma pior, pois esses materiais não tinham entrado em contato conosco. Quando isso secar, teremos poeira de rejeitos contaminando a cidade. Isso sem falar na vida aquática que vai ser novamente prejudicada se se tratar mesmo de rejeitos”, disse.
O biólogo Matteus Carvalho diz que é preciso medir a quantidade de rejeitos que se movimentou em Candonga para saber qual o tamanho do prejuízo, uma vez que os 10 milhões de m3 que estão no lago correspondem ao mesmo volume liberado pela tragédia de Brumadinho.
“Essa movimentação dos rejeitos, ocasionada pela força cinética da água, piora a qualidade dela. Por outro lado, por causa do volume das chuvas, pode ter havido uma diluição dos contaminantes (quando comparado com a situação original), o que não significa que as águas estejam próprias para o consumo, ou que podem passar por tratamentos convencionais. Teriam que ser feitos testes para avaliar isso”, alerta.
Segundo o especialista, uma pergunta de difícil resposta, e que demandaria especialistas para responder é se as enchentes foram maiores do que seriam por causa do rejeito de Fundão assoreando os rios. “De toda forma, é um cenário contínuo de degradação, amplificado pelo desastre ocorrido há mais de 4 anos”, resume.
Semad pede explicações à Renova
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), não houve a avaliação da movimentação dos rejeitos sedimentados no reservatório da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves. O órgão estadual vai levantar, junto à Fundação Renova, responsável pela recuperação do curso d’água, a quantidade de rejeitos mobilizados com as chuvas. “Após o diagnóstico, serão traçadas as ações necessárias à recuperação dos possíveis danos e ao controle dos impactos na fonte geradora”, diz a nota.
O órgão público considera “prematuro” avaliar que a fonte da turbidez do rio foi o depósito de rejeitos. “Em períodos chuvosos, o aumento da turbidez da água e da quantidade de sólidos em suspensão, é comum nos rios da Bacia do Rio Doce”, informou.
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Professor Associado D-3 da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Núcleo de Estudos Economia Regional, Território, Agricultura e Meio Ambiente do Paraíba do Sul – NEERTAM / UFRRJ. Professor desde de 2022 Programa de Pós-graduação stricto sensu, Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária (PPGCTIA) no Brasil (UFRRJ) . Está lotado no Departamento de de Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade – Instituto de Ciências Humanas e Sociais (DDAS – ICHS / UFRRJ). Atuou como Chefe de Departamento do Departamento de Ciências Econômicas Exatas do ITR no período de setembro de 2011 a maio de 2014. Em 2015 participou de Curso de Formação e Treinamento sobre System of Envaironmental-Economic Accounting (SEEA) promovido pelas Nações Unidas , CEPAL GIZ . O curso capacitou o professor na metodologia de Sistema de Contas Ambientais. Leciona as disciplinas de Economia do Meio Ambiente e Economia do Setor Público. Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000), mestrado em Programa de Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002) e doutorado em Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010). Durante dez anos realizou pesquisas na Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia (COPPE-UFRJ). Atualmente realiza pesquisa na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Economia do Meio Ambiente, com ênfase em Economia dos Recursos Naturais, Economia Regional e Urbana e Avalição e Valoração Econômica de Projetos, atuando principalmente nos seguintes temas: Políticas Públicas, Saneamento, Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Conservação de Energia.” Web of Science ResearcherID K-4698-2014
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