Capacidade de Suporte

Um ecossistema possui diversas propriedades interligadas, possuindo a característica de se manterem mais estáveis frente às perturbações externas conforme eles crescem e se tornam mais complexos. Conforme o ecossistema cresce em tamanho e complexidade, mais energia é consumida por este ecossistema. Parte desta energia é consumida para manter o crescimento e outra parte é consumida para diminuir a entropia, devido ao aumento da complexidade. Portanto, existe uma capacidade máxima de suporte do ecossistema relativa ao seu crescimento.[1]

Quando os custos energéticos da manutenção se equilibram com a energia disponível (quando o crescimento atinge um nível máximo que o sistema pode suportar em relação ao aumento da entropia), não ocorre mais um aumento em tamanho, já que foi atingida a capacidade máxima teórica de suporte (menos energia é direcionada para o crescimento). A capacidade ótima de suporte é representada no ponto de inflexão onde a taxa de crescimento do ecossistema é máxima. Qualquer mudança nas condições e parâmetros do ecossistema, neste ponto, é mais rapidamente reposta. A partir daí, a taxa diminui e o tamanho do ecossistema se aproxima da faixa de capacidade máxima. Se o sistema estiver no nível da capacidade máxima, qualquer mudança brusca pode levá-lo ao colapso. Para garantir a capacidade de manobra do sistema (margem de segurança), existe uma capacidade ótima de suporte que é inferior à sua capacidade máxima.

Há a possibilidade de ultrapassar os níveis de capacidade máxima de suporte devido ao que o autor denomina de “ímpeto de crescimento”. Quando isto ocorre, excede a capacidade de dissipação do sistema e assim, deve ocorrer uma redução no tamanho dos organismos. Outras vezes, a capacidade produtiva do sistema foi prejudicada (falta de recursos, por exemplo) ou parte da biomassa foi retirada pelo homem (caça e pesca, por exemplo), então não se alcança esse nível. Portanto, a capacidade ótima de suporte tende a ser menor que a capacidade máxima de suporte.

À medida que um ecossistema torna-se maior e mais complexo, aumenta a proporção da produção bruta que deve ser respirada pela comunidade para sustentá-la e diminui a proporção que pode ser dedicada ao crescimento. No momento do equilíbrio entre estas entradas e saídas, o tamanho não pode aumentar mais. A quantidade de biomassa que pode ser sustentada sob estas condições denomina-se a Capacidade Máxima de Suporte. Cada vez mais, as evidências indicam que a Capacidade Ótima de Suporte, sustentável por muito tempo frente às incertezas ambientais, é mais baixa que a Capacidade Teórica Máxima de Suporte.

1- Capacidade Máxima de Suporte: quantidade de biomassa que pode ser sustentada sob condições de equilíbrio entre entradas e saídas de energia de um ecossistema (isto é, a proporção da produção bruta que deve ser respirada pela comunidade para sustentá-la é igual a proporção que pode ser dedicada ao crescimento), momento no qual o tamanho do ecossistema não pode aumentar mais.

[1] O metabolismo por unidade de peso diminui à medida que aumenta tamanho de um organismo ou a biomassa de uma floresta (ou seja, o sistema se torna mais complexo), permitindo a manutenção de maior estrutura por unidade de fluxo energético. Entretanto, à medida que se mantém maiores estruturas (isto é, tamanhos maiores de organismo ou mais biomassa), maior será a dissipação de energia por entropia, logo, proporcionalmente maior o fluxo energético total (produção bruta mais importações) que deve ser desviado para manutenção respiratória.

Mantendo  o Estoque de Capital Natural

Existem duas razões pelas quais a manutenção do estoque de capital natural não é essencial para alcançarmos uma economia sustentável:

  • Desenvolvimento tecnológico que melhora a eficiência no uso de recursos, e
  • A substituição do capital humano mais produtivo pelo capital natural.
  • Substituição de KM e de KN

1.     O capital humano não é independente do capital natural.  O KN é necessário para realizar o KM (2ª lei da termodinâmica – para produzir alguma coisa é necessário o consumo de algum recurso natural).

2.     O capital natural  (oceanos, florestas, atmosfera, etc.) preenche outras funções econômicas, como o suporte a vida que não pode ser realizado pelo capital humano.  Ao dizermos que o capital humano é mais produtivo que o capital natural, devemos considerar a multifuncionalidade dos recursos naturais.

3.     A substituição pode não ser relevante para todos os recursos naturais.

  • Inovação Tecnológica

A inovação tecnológica é uma maneira de reduzir a quantidade de recursos naturais e  melhorar o padrão de vida (aumento da eficiência).

Dois itens devem ser considerados:

1.     Novas tecnologias não são necessariamente menos poluidoras.

2.     A inovação tecnológica existirá para sempre?

  • Sustentabilidade, Incerteza e Irreversibilidade

Um dos problemas a ser considerado quanto ao papel do meio ambiente em sustentar os sistema econômico é a incerteza científica quanto a esta questão.  Não sabemos os benefícios de substituir o capital humano por capital natural.  Não temos certeza quanto a maneira com que o meio ambiente funciona (internamente ou interando-se com a economia).   Qualquer erro pode ser irreversível.

  • Resistência

Os países em desenvolvimento são mais dependentes dos recursos naturais que os países desenvolvidos.   Alguns anos de seca são suficientes para que estas sociedades regridam vários anos em termos de desenvolvimento.     Se os estoques de recursos naturais fossem maiores, estas sociedades teriam uma maior flexibilidade para ajustarem-se aos “choques”.  Nestas circunstancias mais capital natural pode significar maior resistência aos choques, portanto uma sociedade mais sustentável.

  • Equidade Intergeração

As gerações futuras têm direito aos recursos naturais (justiça entre gerações).  Deve-se lembrar que podemos criar e destruir o capital humano, mas as possibilidades de aumentarmos o capital natural são remotas.  Qualquer ato irreversível hoje significa uma opção a menos para as gerações futuras.

  • Direitos na Natureza

Quando destruímos um capital natural estamos destruindo um habitat natural, o meio ambiente que espécies animais necessitam para sua existência.

O Significado do Estoque de Capital Constante

Nossa discussão até agora sugeriu que a sustentabilidade pode ser analisada como um requisito para manter o estoque de capital natural.    O quanto este requisito pode ser  desconsiderado  depende  da nossa opinião quanto à substituição entre recursos renováveis e não renováveis, entre o capital humano e o capital natural.  Depende também do poder das novas tecnologias em reduzirem a quantidade de recursos necessários para o aumento em uma unidade de padrão de vida  e os efeitos do aumento da população em dissipar o estoque de capital.

Falou-se sobre a necessidade do estoque de capital ser constante.

1.     O estoque de capital é constante se sua quantidade física não mudar.  A maneira encontrada pela economia  para medir esta quantidade é valorar cada tipo de recurso em termos monetários.

2.     Unidade de valor dos serviços de capital natural.   Podemos considerar o preço dos recursos naturais  e tentar mante-los constantes em termos reais.   Preços constantes resultarão em estoque de capital natural constante.

3.     Valor constante do fluxo de recursos do estoque de capital.  Este item difere de preços constantes, pois permitiríamos a quantidade de diminuir, mas os preços aumentariam, mantendo o valor constante.