O crescimento da desigualdade em países desenvolvidos e em desenvolvimento pode desacelerar o desenvolvimento econômico e social. A informação é do Relatório Social Mundial 2020 da Organização das Nações Unidas (ONU), lançado nesta terça-feira (21). O documento aponta que no Brasil a desigualdade está aumentando novamente, após as últimas décadas em declínio.
De acordo com o relatório, a partir de meados dos anos 90, o Brasil passou por duas décadas de reduções sem precedentes na desigualdade de renda. Na época, o coeficiente de Gini passou de 60 em 1995 para 53 em 2015. As políticas sociais tiveram papel importante nesse período. Dentre elas, aponta o documento, estão o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
No entanto, mudanças nas circunstâncias econômicas e políticas nos últimos anos colocaram as perspectivas futuras de redução da desigualdade no Brasil em questão. O relatório frisa que o presidente Jair Bolsonaro anunciou planos para melhorar o Bolsa Família durante sua campanha eleitoral, mas sua eleição a realidade está sendo outra.
“O novo governo propôs uma reforma na Previdência Social, que diminui os gastos gerais com programas sociais. Resta ver quais os impactos de tais políticas para a população e para a desigualdade no País”, explica o documento.
Desigualdade no mundo
Produzida pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, a publicação aponta que sociedades muito desiguais são menos efetivas na redução da pobreza. Além disso, elas crescem mais vagarosamente, dificultam que as pessoas quebrem o ciclo da pobreza, fechando as portas para o avanço econômico e social. O aumento da desigualdade reprime, ainda, o crescimento econômico e pode aumentar a instabilidade política.
Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, o relatório surge quando realidades difíceis de um panorama global de profunda desigualdade são confrontados. “Disparidades de renda e falta de oportunidades estão criando um ciclo vicioso de desigualdade, frustração e descontentamento em várias gerações”, diz.
O documento mostra evidências de que inovação tecnológica, mudanças climáticas, urbanização e migração internacional estão afetando as tendências de desigualdade. Segundo Guterres, o rumo futuro destes desafios complexos não é irreversível. “Mudanças tecnológicas, migração, urbanização e mesmo a crise climática podem ser aproveitadas para um mundo mais sustentável e justo, ou podem nos dividir ainda mais”, alertou.
Desigualdade e a confiança no governo
O relatório mostra que desigualdades concentram influência política entre os que estão em melhor situação, o que tende a preservar ou mesmo aumentar as diferenças de oportunidade.
As crescentes desigualdades vêm beneficiando cada vez mais as pessoas mais ricas. O estudo ressalta que as alíquotas de imposto para as rendas mais altas têm diminuído em países desenvolvidos e em desenvolvimento, tornando os sistemas tributários menos progressivos.
Enquanto isso, nos países em desenvolvimento, as crianças das famílias mais pobres têm experimentado progresso mais lento na frequência escolar do que as de famílias mais ricas. “Disparidades e desvantagens na saúde e na educação estão sendo transmitidas de uma geração para outra”, frisa o documento.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é voltado para a redução da desigualdade, frisando “não deixar ninguém para trás”. Mas o relatório social detectou que o crescimento econômico extraordinário ao longo das últimas décadas tem falhado em diminuir a “profunda divisão dentro e entre os países”.
O estudo aponta ainda que estas disparidades dentro e entre os países irá inevitavelmente levar com que as pessoas migrem para outras regiões. Se bem gerenciada, a migração pode não apenas beneficiar os migrantes, mas também ajudar a diminuir a pobreza e a desigualdade, ressalta a publicação.
Fonte: https://recontaai.com.br/2020/01/22/desigualdade-desacelera-avanco-economico-e-social-no-mundo/

Professor Associado D-3 da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Núcleo de Estudos Economia Regional, Território, Agricultura e Meio Ambiente do Paraíba do Sul – NEERTAM / UFRRJ. Professor desde de 2022 Programa de Pós-graduação stricto sensu, Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária (PPGCTIA) no Brasil (UFRRJ) . Está lotado no Departamento de de Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade – Instituto de Ciências Humanas e Sociais (DDAS – ICHS / UFRRJ). Atuou como Chefe de Departamento do Departamento de Ciências Econômicas Exatas do ITR no período de setembro de 2011 a maio de 2014. Em 2015 participou de Curso de Formação e Treinamento sobre System of Envaironmental-Economic Accounting (SEEA) promovido pelas Nações Unidas , CEPAL GIZ . O curso capacitou o professor na metodologia de Sistema de Contas Ambientais. Leciona as disciplinas de Economia do Meio Ambiente e Economia do Setor Público. Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000), mestrado em Programa de Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002) e doutorado em Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010). Durante dez anos realizou pesquisas na Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia (COPPE-UFRJ). Atualmente realiza pesquisa na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Economia do Meio Ambiente, com ênfase em Economia dos Recursos Naturais, Economia Regional e Urbana e Avalição e Valoração Econômica de Projetos, atuando principalmente nos seguintes temas: Políticas Públicas, Saneamento, Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Conservação de Energia.” Web of Science ResearcherID K-4698-2014