Bolsa de Londres passa a oferecer títulos para a produção sustentável de soja no Brasil
Neste mês, foi anunciada na Bolsa de Valores de Londres a primeira linha de crédito do mundo a oferecer títulos verdes para a produção sustentável de soja no Brasil no valor de US$ 1 bilhão, cerca de R$ 3,8 bilhões.
A meu ver, o anúncio exemplifica três tendências importantes: a primeira é que enfrentar as mudanças climáticas exige uma forma fundamentalmente diferente de administrarmos nossas economias e apoiarmos nossas indústrias; a segunda é que, com isso, existem novas e enormes oportunidades para fazer a economia crescer de forma sustentável; e, finalmente, que Brasil e Reino Unido podem aprofundar o trabalho conjunto de transição para economias de baixo carbono.
Desde 2008, quando o Reino Unido foi o primeiro país a estabelecer por lei uma meta de longo prazo para redução de emissões, temos provado que é possível mitigar a mudança do clima e crescer economicamente. Nos últimos 30 anos, reduzimos nossas emissões em mais de 40%, enquanto nossa economia cresceu em dois terços no mesmo período.
O desafio de descarbonização é enorme e algumas indústrias terão de se reinventar, enquanto outras ainda deverão ser criadas. Emissões que não possam ser mitigadas terão de ser compensadas por atividades como restauração florestal. Calcula-se que 1,2 trilhão de novas árvores precisariam ser plantadas para conter o aquecimento global —um número quatro vezes maior do que a totalidade de árvores da floresta Amazônica.
No entanto, os benefícios serão ainda maiores. Além de uma melhoria significativa da qualidade de vida da população, a transição para uma economia zero carbono apresenta inúmeras oportunidades. O setor de economia limpa do Reino Unido já emprega mais de 400 mil pessoas e está crescendo mais rápido que nosso PIB; e os setores de tecnologias de baixo carbono e energia limpa contribuem para a economia com £ 44,5 bilhões anualmente.
Internacionalmente nos comprometemos a fornecer cerca de £ 6 bilhões em financiamento climático entre 2016 e 2021. O Brasil é um dos nossos parceiros mais importantes.
Hoje, investimos no país cerca de £ 200 milhões em projetos que incluem: o apoio a pequenos produtores rurais para aumentarem sua produtividade por meio de tecnologias de baixo carbono; a aceleração de negócios sustentáveis da economia florestal, incentivando o empreendedorismo e a exploração sustentável da biodiversidade; o desenvolvimento de planos de ação climática e adoção de tecnologias inovadoras por cidades brasileiras; além do compartilhamento da nossa expertise em financiamento verde para atrair financiamento privado para os necessários projetos de infraestrutura de baixo carbono no Brasil.
Séculos atrás, o Reino Unido foi pioneiro na Revolução Industrial e, hoje, temos a ambição de liderar a transição para uma economia limpa. A nossa estratégia industrial e de crescimento limpo e nossa intenção de sediar a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima de 2020, em parceria com a Itália, demonstram nosso comprometimento em trabalhar com todos os parceiros internacionais para enfrentarmos este que é o maior desafio dos nossos tempos. Temos que agir rápido para assegurarmos um meio ambiente equilibrado para as atuais e futuras gerações.
Não será fácil e há muito o que fazer, mas, se não investirmos agora, os custos de responder às mudanças do clima serão mais altos no futuro. Com isso em mente, anunciamos recentemente uma meta audaciosa: a de que o Reino Unido irá zerar suas emissões líquidas de carbono até 2050.
Esta meta representa um dos compromissos climáticos mais ambiciosos já apresentados por uma grande economia. De fato, o Reino Unido foi o primeiro país do G-7 a estabelecer uma meta legalmente vinculante para zerar suas emissões de gases de efeito estufa até o meio do século. É uma meta ambiciosa, porém realizável. Esperamos que mais países possam se juntar a nós para demonstrar esse mesmo nível de ambição.

Professor Associado D-3 da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Núcleo de Estudos Economia Regional, Território, Agricultura e Meio Ambiente do Paraíba do Sul – NEERTAM / UFRRJ. Professor desde de 2022 Programa de Pós-graduação stricto sensu, Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária (PPGCTIA) no Brasil (UFRRJ) . Está lotado no Departamento de de Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade – Instituto de Ciências Humanas e Sociais (DDAS – ICHS / UFRRJ). Atuou como Chefe de Departamento do Departamento de Ciências Econômicas Exatas do ITR no período de setembro de 2011 a maio de 2014. Em 2015 participou de Curso de Formação e Treinamento sobre System of Envaironmental-Economic Accounting (SEEA) promovido pelas Nações Unidas , CEPAL GIZ . O curso capacitou o professor na metodologia de Sistema de Contas Ambientais. Leciona as disciplinas de Economia do Meio Ambiente e Economia do Setor Público. Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000), mestrado em Programa de Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002) e doutorado em Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010). Durante dez anos realizou pesquisas na Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia (COPPE-UFRJ). Atualmente realiza pesquisa na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Economia do Meio Ambiente, com ênfase em Economia dos Recursos Naturais, Economia Regional e Urbana e Avalição e Valoração Econômica de Projetos, atuando principalmente nos seguintes temas: Políticas Públicas, Saneamento, Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Conservação de Energia.” Web of Science ResearcherID K-4698-2014
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